Vivemos em tempos líquidos. Vive-se na sociedade permeada por falsos conceitos. Sociedade de palavras de efeito e total ausência de concretude. “Nada foi feito para durar”. Essa é uma das frases mais famosas do sociólogo polonês Zygmunt Bauman e ajuda a retratar os sintomas do nosso país, enfermo por tantas crises que solapam as instituições.
O Brasil é um pais em estado terminal. Daí as relações efêmeras, pactos fugazes, palavras rotas. Na política, não há confiabilidade. Políticos cuja promessas são permeadas pela falsidade. As instituições, do judiciário ao parlamento estão combalidas. Tudo muda, não há constância, projetos de hoje esmaecem pela falta de continuidade. Nossas bases são voláteis porque compromissos e comprometimento é para poucos. É essa visão fugaz do mundo. Essa temeridade submerge princípios, princípios universais: respeito a vida, dignidade da pessoa humana, mínimo ético, valores.
Ordem e progresso deveriam ser a base humanística da nação, mas formam uma utopia do porvir porque o que predomina é desleixo, o comodismo, a despretensão, a falta de respeito ao bem que comum ultraja nossa capacidade de superação. A crise expõe O lado mole, dessa indolência e letargia de um país de projetos inacabados. Conceito de políticas públicas sem qualquer base. Muito embora tais políticas públicas estarão no discurso eleitoreiro. Não deixemos enganar, porque a maioria dos políticos vive na poeira da ambição. E nossa realidade é esburacada por via mal pavimentada da corrupção desmedida, da falta de respeito ao próximo. Evocado, o grande Bauman, disse ainda “modernidade líquida seria “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível”. Na sociedade contemporânea, emergem o individualismo, a fluidez e a efemeridade das relações.
Na sociedade líquida não há lugar fundamentos. Que pena. Porque fundamento é lastro conceitual, mas também não confundir com posições extremistas. Ter bases sólidas, consolidar ações. Constrói-se uma sociedade forte com fundamentos. Fundamentos constitucionais, fundamentos cívicos, fundamentos morais. A moralidade faz parte da moral coletiva. Essa moral reside no respeito às leis, aos bons costumes, a sacralidade do matrimônio. Isso é base educacional. O professor não é para ser desrespeitado no colégio. O guarda não deve ser alvo de suborno, o magistrado intimidado, tampouco o agente público corrompido. Essa é a pequena moral, mas que faz a moral maior. Gente que se respeita, porque trabalha, porque vence, sem a “generosidade estatal”, daquela que dá com a mão a retirar com a outra. A base de um estado é seu pacto constitucional, o respeito a valores universais. E esses valores estão no arco de unidade no cristianismo edificante, cuja pedra angular é o próprio Cristo, que edificou sobre si sua igreja. Sem a concretude do Evangelho somos um amontoado de gente, espalhada em preconceito, corrupção e arrogância.