Há 27 anos a Marcha para Jesus representa o despertar de uma nação de evangélicos que integra cada vez mais as feições da liberdade de expressão religiosa albergada pela Constituição.
Os evangélicos, até os anos sessenta, eram ignorados pelas estatísticas oficiais. Hoje, mais de 25% da população declara pertencer a alguma igreja evangélica. A pregação do Evangelho no Brasil se deu ao longo de décadas, quando as igrejas evangélicas tradicionais aqui chegaram ainda no século 18. Com pentecostalismo, e a chegada de missionários americanos e europeus houve um impulso sem igual; a presença dessas igrejas aportou em todo território, alcançando lugarejos e vilas, nos rincões desde o sertão, litoral, centro, Sul e Norte, até os territórios da Amazônia. Tome-se o exemplo da Assembleia de Deus (108 anos) no Brasil, denominação que está presente em todas as cidades do pais.
Nosso crescimento não é motivo para ufanismo. Mas nenhuma outra nação no mundo acompanhou a diáspora da igreja tradicional, que mantenha seus privilégios e hierarquia apeada ao poder político.
Os evangélicos têm desempenhado inegável papel na construção social e espiritual da nação. Há colégios, orfanatos, hospitais e universidades espalhadas por aí. O resgate das drogas, da criminalidade, prostituição e marginalidade de milhões de pessoas tem um impacto social positivo. Nossa densidade eleitoral atrai àqueles que analisam as possibilidades do cenário político. No ano passado, como resultado do voto mais conservador em temas como aborto, união de pessoas do mesmo sexo, eutanásia, defesa do estado de Israel e da família nos moldes da tradição judaico-cristã o posicionamento dos evangélicos foi decisivo para que se formasse uma coalizão entre as igrejas evangélicas em torno do então candidato Jair Bolsonaro. Quando do anúncio da vitória, o novo presidente, em oração em rede nacional, retransmitida pela TV Globo ocorria a rendição da mídia oficial às aspirações desse contingente de brasileiros que querem mais respeito aos valores cristãos e que sabem exprimir isto com o voto. Evangélicos elegem representantes, ainda que isto esteja passivo de alguns erros, mas faz parte da democracia e eles estão, inegavelmente, inseridos nesse processo.
Bolsonaro não apenas provoca a proximidade com os evangélicos ao cumprir sua palavra de participar da Marcha para Jesus, ele foi lá porque sabe que o compromisso é com valores que essa importante parcela da população sabe distinguir e defender. São milhões e milhões de irmãos evangélicos. Milhares de ministérios, todos com peculiaridade, feição, distinção teológica, mas que formam um todo. A Marcha para Jesus, ao reunir hoje em São Paulo, mais de três milhões de pessoas é uma mostra de que essa gente deve ser respeitada. É a expressividade coletiva de um movimento que faz parte da diversidade religiosa, de uma nação teísta, porque aqui como diz o hino 340 da harpa cristã: eis que surge um povo forte revestido de poder…que não teme nem a morte quem a ele pertence.