Era mais um turno. Na lição do dia a tragédia mostrou sua cara ridícula e desafiadora. Eram jovens…estavam calçados. Os tênis eram daqueles que se quer usar. Na roupa rotineira era capaz de identificar-se o grupo. Depois, não mais. Desalento. Destino. Vidas agora só em recordação. E em grupo lá estavam eles, elas.Naquela linguagem nova que ajuda o dicionário a nascer. Mas, naquele dia, tudo ficou diferente. O som repentino. Explode daqui e dali. Lá, em Suzano, o país conhece a insólita realidade: o ano mal começou e as águas de março trouxeram sua marca, agora mais indelével e que se junta a Brumadinho, Escolinha do Flamengo e Suzano, isso na já reinante tragédia nacional.
E as autoridades? Ocupadíssimas. E cultura do medo? Cada dia feroz. É uma geração plugada nas estatísticas letais. Cerca-se a escola? Varre-se o chão. Não se usa mais os livros. Digitais nas paredes. Digitais dos legistas. Quiséramos que a realidade não fosse tão avassaladora. Que tudo não passasse da tela do game que já foi menos ofensivo.
E a cultura da paz? Esta espera dias de sol. Que clareie mentes tão entregues a vaidade. Vaidade da aniquilação. Somos o país que nem berço esplendido consegue oferecer aos mais jovens. E, em meio ao drama, o cotidiano perde sua graça. Como sorrir num país cujo jovens são tão vulneráveis? Assim, não vai. Que fazer? Não há mais praças. As bicicletas e brincadeiras de rua já se foram. A Netflix e celular dão conta da imaginação. E o tempo de criança se esvai ligeiro. Há vozes de meninos e meninas no condomínio de casas e prédios. Mas essa forma condominial de viver ao mesmo tempo que protege, segrega. O outro é a ameaça. Porque é diferente. Porque não tem a mesma cor. Por que? Não se saberá. Ao menos, por enquanto.
Neste país tão espalhado. O território está cercado. O inimigo é interno porque interna é nossa humilhação nacional. Nosso despreparo. Nosso medo de acolher. A cultura da falta de recolhimento e da apatia é calçada nas areias movediças do Planalto, que pouco fez até agora. Suzano é o cerco do terror para uma geração cerceada da liberdade de ser feliz. Até quando?