No filme sobre a vida de Paulo, (PAULO, apóstolo de Cristo), exibido na plataforma Netflix, há a cena do apóstolo Lucas realizando uma cirurgia na filha de um oficial romano. A menina estava já desfalecida, a intervenção de Lucas trouxe de volta a saúde, aplacando assim a angústia que passava o oficial. A ficção serve apenas para mostrar que a fé não falha, ainda que muitos no momento de tanto ceticismo e caos estejam a fraquejar. Na cena citada, o enredo talvez não há corresponda ao que teria acontecido naqueles tempos em que o Império Romano culpava os cristãos pela degradação social e econômica, mas serve para demonstrar que a fé não entra na arena em combate perpetuo com a ciência. Ela segue seu curso, tem sua fortaleza na relação do crente com o Criador e em tempos anormais continua guiando a vida de milhões de pessoas.
Jesus curou a muitos. Os evangelhos relatam apenas uma parte desses milagres e lá se diz que nem mesmo todos os livros do mundo poderia conter os milagres que Ele realizou. (João 21:25) Ele fez e crer nisso é um ato de fé. Lucas, segundo o registro e a tradição cristã foi médico, não deixou, certamente, de acudir os necessitados mesmo com os limitados recursos da medicina de sua época e continuou como discípulo de Cristo registrando os milagres e prodígios. O livro de Atos, de sua autoria corrobora isso. Nos tempos da pandemia, muito se discute entre a fé a ciência. Para os cristãos a fé em Deus não se contrapõe a ciência, uma vez que é na vertente da humanidade que se percebe a grandeza divina de dotar o homem de capacidades, razão e conhecimento. A aflição, a angústia, a apreensão diante da enfermidade, da luta e do luto é para os que creem um ato permissivo e soberano de Deus diante do trágico e do infortúnio. E, assim, continuam crendo no poder fé e da intercessão como recursos indispensáveis para que a manifestação do sagrado venha a ocorrer, isto independentemente da vontade pessoal, como diz o trecho de uma bela música cristã. “Se Deus fizer, Ele é Deus, se não fizer…continua sendo Deus”. Deus é Deus. Nisso reside a lição, se adora a Deus, se busca a Deus, não pelo que Ele faz, mas pelo que é.
A fé como potencial de cura, nunca deixou de ser demonstrada pelos que creem na intervenção sobrenatural. Diriam alguns que não há relatos de pessoas que tenha sido salvas pelo poder da oração, ou que todos os recuperados tomaram medicamentos e com isso não houve respostas a súplicas e pedidos. No entanto, Deus age pelas mãos das equipes médicas, Deus age quando se descobre a eficácia das vacinas, Deus age quando muitos desenganados conseguem voltar à vida.
Assim, mesmo em tempos tão anormais a fé segue o sentido bíblico, ou seja, na definição do livro aos hebreus a fé é “o fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem”. Hebreus 11.1 Essa fé que é mistério aponta que Deus não deixou de ser Deus, que Ele a seu modo, tem atenuado a dor e o sofrimento humano, tem ajudado a todos os que creem a passar e enfrentar os tempos presentes. Somente essa redescoberta do sentido maior da fé é que produz convicção e paz poderá trazer luz ao momento que estamos a enfrentar. De igual modo, a fé não possui somente um sentido natural, pois há a que opera para a salvação, quando a fé em Cristo e em seu nome, pode-se acreditar no sacrifício de Jesus e na vida eterna por ele oferecida. João3.16. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu filho unigênito, para que toda aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Por Silvio Menezes