Ex-juiz e agora ex-ministro Sergio Moro deve passar a quarentena reavaliando sua vida. Com uma formação intelectual e profissional sólida, em 22 anos na magistratura, Moro experimenta a aridez da política, seus bastidores, suas articulações e o poder de decisão além de suas forças, razão maior do pedido de demissão, nesta manhã de sexta feita.
Logo Moro que com suas decisões fundamentadas no direito e na jurisprudência identificou o mal em milhões de reais subtraídos pelos políticos e empresários envolvidos na Lava Jato. O que mais fere Moro é a interferência, a obstacularização, o desmando perpetrado pelo andar de cima da cúpula governamental, principalmente ao Ministro que, ao logo da brilhante carreira, habituou-se a decidir de acordo com o principio legal do livre convencimento. E isso foi que mais lhe tolheu o exercício do ministério, porque a preservação das investigações, a acuidade com os procedimentos, a intromissão desmentida levou Moro a um estado de indignação.
Seu futuro, ainda não se sabe. Moro agregou-se ao ideário do combate a corrupção e isso é o grande patrimônio do Ministro, porém faltou a devido aviso de quem em político nada é durável ou permanente. A política tem suas nuances e isso Moro não ponderou quanto assumiu a pasta. O presidente falou que tinha preocupação com processo em curso no STF, disse Moro. E isso era para Moro intervenção desmedida. E em política, assim como nos fóruns, nem tudo se resolve apenas pelo tecnicismo e pela ética. No seu pronunciamento, Moro destacou sua biografia, o respeito ao estado democrático de direito. Ou seja, quem já teve o poder de decidir em sentença a condenação ou absolvição de um ex-presidente, e ao ter suas mãos atadas e desrespeitado seu poder decisório restou dizer “não se sentiu confortável”. Vou procurar um emprego, nunca enriqueci no Serviço Público”.