O poder é efêmero. Incongruente mesmo. A demissão do ministro da saúde causa uma pandemia de embaraço para o atual governo. Os mais chegados apoiadores do presidente até meados de março exaltavam a competência do Ministro da Saúde. Seu poder de agregar as mais diferentes instituições e institutos, além de coordenar os recursos federais e os drenar para as secretarias estaduais. Uma visão realista em uma país que tudo parece ser mesmo no improviso. “Não podemos usar gambiarra” disse em uma das entrevistas coletivas se referindo ao cuidado dos pacientes que entram na UTI após a infecção do coronavirus. Em cada investida na batalha contra a pandemia, o país assistia às entrevistas diárias e constatava que de algum modo diminuía apreensão geral, porque alguém estava no comando.
Agora ante a demissão, não faltaram os “pôsteres” e postagem oficiais ou não que terão o intuito de denegrir a imagem do ex-ministro Mandetta. Ainda que este não tenha o direito ao contraditório, porque a execração nas rodas do poder e nas redes sociais é feita de maneira unilateral e com os vassalos do governo ou pessoas que vão creditar ao ministro todo o mal nacional. Do desemprego a quebra de empresas. E se o país parou ou entrou em recessão já se tem o “judas” para malhar.
Mas, no imaginário coletivo, na lembrança da sensatez de alguns ficará a imagem de um homem coreto em seus posicionamentos. Um homem encarou o maior desafio da saúde pública no país, um líder que soube ouvir os outros, tantos da ciência quanto da economia e sua apresada e incógnita demissão jamais tirará o brilho de quem ousou fazer mais pelo Brasil, ainda que seu superior hierárquico com a caneta em riste não tenha enxergado o timoneiro que sai. Há de esperar que essas águas revoltas não nos levem a pique.