O número de trabalhadores informais no Rio Grande do Norte cresceu 15,88% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o primeiro trimestre de 2018. De janeiro a março do ano passado, 321 mil pessoas atuavam no setor. No mesmo período deste ano, o número saltou para 372 mil, o que perfaz o ingresso de 51 mil trabalhadores na informalidade. Os números constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C Trimestral) publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Há dois anos, eu procuro emprego com carteira assinada e não consigo. O que me oferecem, não compensa”, relata o mergulhador Thiago Costa. Ele é mais um dos milhares de brasileiros que foram afetados pela crise gerada na Petrobras com a Operação Lava Jato e o fechamento de dezenas de empresas que prestavam serviços à estatal. O trabalho de mergulhador de manutenção que desempenhava nas plataformas marítimas de petróleo, que garantia-lhe o sustento familiar, não é comum no Rio Grande do Norte, cujos campos de petróleo são predominantemente terrestres.
A saída encontrada por Thiago Costa foi a informalidade. “Hoje, atuo como mecânico numa oficina que pertence ao meu irmão. Vivo hoje dentro do limite. Nossa economia está estagnada e caindo. As políticas públicas estão interferindo no resultado, que está sendo negativo”, destaca o trabalhador. Mesmo com cursos e especializações para a área na qual atuava antes da demissão, ele não consegue reinserção no mercado.
No Rio Grande do Norte, das 209 mil pessoas desocupadas no primeiro trimestre deste ano na semana de referência da pesquisa, 44 mil esperaram menos de um mês para conseguir um emprego. Outras 89 mil aguardaram entre um mês e menos de um ano. De um ano a menos de dois anos, esperavam 30 mil pessoas no Estado. Esperando há dois anos ou mais por um vaga, estavam 46 mil.
Dois lados
“O aumento da informalidade no empreendedorismo traz pontos positivos e negativos. O ponto positivo é que é uma saída para quem está desesperado por uma fonte de renda. O nível de desemprego está alto e crescendo e muitos ficam sem saída. A entrada no mercado informal nem sempre ocorre por vontade, mas por necessidade. O impacto negativo é na arrecadação, que diminui com a informalidade. Isso faz diminuir o investimento público não somente no Rio Grande do Norte, mas em todo o Brasil”, analisa José Jordy Silva, especialista em Contabilidade Gerencial e Tributária.
No Rio Grande do Norte, conforme dados da pesquisa do IBGE, de janeiro a março deste ano o setor da construção civil gerou 12 mil vagas de emprego. O número positivo, conforme avaliação do coordenador da PNAD no Estado, Samuel Marques, configura uma “recuperação dos postos de trabalho, mas não é possível afirmar que é uma recuperação do setor em si.
Brasil e regiões
No 1º trimestre de 2019, 91,9 milhões estavam ocupadas, sendo composta por 67,0% de empregados, 4,8% de empregadores, 25,9% de pessoas que trabalharam por conta própria e 2,4% de trabalhadores familiares auxiliares. Nas regiões Norte (33,7%) e Nordeste (29,3%), o percentual de pessoas por conta própria era superior ao das demais regiões. Por unidades da federação, os maiores percentuais de trabalhadores por conta própria foram do Amazonas (35,5%), Pará (35,1%) e Amapá (33,8%), enquanto os menores ficaram com o Distrito Federal (19,6%), São Paulo (21,4%) e Santa Catarina (21,6%).
Em relação ao tempo de procura, no Brasil, 45,4% dos desocupados estavam de um mês a menos de um ano em busca de trabalho; 24,8%, há dois anos ou mais, 15,7%, há menos de um mês e 14,1% de um ano a menos de dois anos.
RN fecha 37 mil postos de trabalho
O Rio Grande do Norte perdeu, de janeiro a março deste ano, 37 mil postos de trabalho formal no setor privado. O dado, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD C Trimestral), é comparado com o quarto trimestre de 2018. No Estado, a taxa de desocupação saiu de 13,4% (no quarto trimestre de 2018) para 13,8% (no primeiro trimestre de 2019). Em números absolutos, o número de desocupado saltou dos 205 mil para 209 mil no período.
Conforme o IBGE, a diferença da taxa de desocupação relativa ao trimestre anterior foi de 0,4%, “uma variação pequena, que aponta para a estabilidade da taxa”. Em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, apresentou diferença de -1,1%, semelhantemente considerável quando comparada ao mesmo período de 2018. O nível de ocupação, percentual de pessoas ocupadas em relação às pessoas em idade de trabalhar (aquelas com 14 anos ou mais na data de referência), foi de 46,1%.
Isso significa que, do total de 2,820 milhões de pessoas em idade de trabalhar, 1,300 milhão estavam ocupadas. Houve estabilidade frente ao trimestre anterior, 46,7%, assim como em relação ao mesmo trimestre de 2018: 45,4%.
No trimestre de janeiro a março de 2019 havia 1.276 mil pessoas ocupadas no Rio Grande do Norte. Desse total, 321 mil atuavam como conta própria, dos quais apenas 56 mil (17,44%) eram registrados no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. Os empregadores, por sua vez, eram 42 mil. Desses, 28 mil (66,66%) tinham CNPJ.
Os empregados do setor privado (exceto trabalhadores domésticos) eram 544 mil. Porém, somente 342 mil tinham carteira de trabalho assinada, os demais 202 mil empregados no setor privado atuavam na informalidade. Os trabalhadores domésticos, especificamente, eram 81 mil; 14 mil com carteira assinada, e 67 mil sem carteira. O número estimado de pessoal empregado no setor público (entre militares, funcionários públicos estatutários e demais) foi de 225 mil.
Confira abaixo a evolução numérica em relação ao trabalho por conta própria no Rio Grande do Norte:
Janeiro a março de 2018
321 mil pessoas
Janeiro a março de 2019
372 mil pessoas
51 mil pessoas a mais trabalhando por conta própria no período.
Fonte: Tribuna do Norte com dados do PNAD C Trimestral / IBGE – Janeiro a Março de 2019