Os urbanistas atestam que o crescimento demográfico não é sinônimo de desenvolvimento sustentável. Essa é a realidade de uma Parnamirim multiforme, que ao longo das duas últimas décadas, serviu como esteira para conter o déficit habitacional da Natal ensolarada mas ao mesmo tempo capital de tenebrosas administrações públicas.
Mais que nunca é essa a realidade de uma cidade que a poucos dias será a segunda maior do RN. E com isso, advém problemas dos mais diversos a ser enfrentados pelos poder público local. Essa Parnamirim de hoje, perdeu aquele perfil de uma cidade interiorana. Das famílias que ainda podiam conversar à porta das casas, no centro, na Cohabinal ou em Boa Vista.
Com o surto de um desenvolvimento tardio e pouco planejado, Parnamirim dos anos 90 saltou de 73 mil habitantes para um ciclo de inchaço populacional. Os anos de Agnelo Alves, mostraram um salto considerável em termos urbanístico e a paisagem da cidade em paralelepípedos e calçamento impôs um elevado IPTU, mas contribuiu para que grandes incorporadoras aqui chegassem com força de um capital especulativo. Um terreno, antes esquecido, valorizou-se, e logo vieram os condomínios de casas e certa verticalização, hoje presente em bairros residenciais. Agnelo, diga-se, manteve o dito e espalhou escolas na maioria dos bairros, talvez no prognóstico necessário para o contingente de pessoas que chegava, atraído pela esperança do emprego no setor de serviços e no sonhado “sorteio” do programa Minha Casa, Minha Vida.
A Parnamirim de hoje tem o desafio do saneamento que a atual administração busca remediar. E uma cidade em expansão. Com a crônica diária dos acontecimentos policiais. Da criminalidade e de jovens que em sua maioria buscam oportunidades, ainda que tardias. Parnamirim tem o desafio de equacionar crescimento com qualidade de vida. Aquela caminhada na Cohabinal, se repetida pelos 36 bairros, talvez oferecesse um pouco de um ar puro, vindo das falésias de Pirangi. Contudo, Parnamirim, do Rio Pequeno, infelizmente, é órfão política. Padece da falta representatividade. É uma cidade ainda ignorada pelo governo do Estado. Como não tem voz e vez na Assembleia Legislativa é uma cidade deixada em segundo plano. Por aqui, a classe política, anda tolhida pelos interesses pessoais, – o que deixa ao relento o florescer de uma cidade única, que possui história de sua participação na 2ª Guerra, que esteve como protagonista de um passado glorioso. A Parnamirim dos 261 mil habitantes busca ainda o sonho de um campo de pouso, com o necessário repouso aos que aqui, de tantos lugares do Brasil, chegaram em busca do sonho da conquista e realização.